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Direito de Brincar, tecnologia e educação se unem em oficinas do Memórias do Futuro

Educadores e pesquisadores de vários lugares do Brasil participaram da semana de formação em cultura da infância e TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação)

As brincadeiras ocuparam o palco de apresentações da Casa de Ensaio durante o sábado chuvoso do último final de semana (07) em Campo Grande. A formação de educadores faz parte da Campanha Movimentos a Favor da  Infância – Brinque, Conviva, Compartilhe! A Campanha foi criada para mobilizar a sociedade civil em favor da infância e o direito de brincar realizada pelo projeto Memórias do Futuro.


A professora da rede pública de ensino, Tânia Nugoli, participou da formação e pretende multiplicar o quê aprendeu sobre infância e tecnologia em seu projeto do Memórias do Futuro. “Eu tenho 13 anos dentro da sala de aula e é a primeira vez que eu participo de algo que mexe comigo assim. Meu projeto é ensinar as brincadeiras tradicionais para as crianças maiores, que por sua vez vão compartilhar isso com aos menores”. Tânia quer usar a diferença de idades para promover trocas entre as crianças. “Minha proposta é para melhorar o ambiente escolar,na minha época a gente tinha um cuidado maior com o outro”, conta a professora.


Um das possibilidades é usar o brincar para ensinar os diversos temas das diretrizes curriculares, como por exemplo a identidade cultural brasileira ou a música. “A educação musical brasileira tem que ser a partir da música brasileira. Na educação infantil e no fundamental tem que ser a partir da música da infância. Isso é uma forma de apresentarmos essa país que é nosso e que tem muita coisa maravilhosa”, explica a pesquisadora de músicas da infância,Lucilene Silva, da Casa Redonda e coordenadora da Associação da Aldeia de Arapicuíba (OCA-SP) que saiu de São Paulo para ensinar cantigas tradicionais da infância durante a formação do Memórias do Futuro.

Colaboração, tecnologia e redes

Outro propósito da semana de formação é aliar as brincadeiras tradicionais às TICs. Para isso, o Memórias do Futuro desenvolveu um guia online que valoriza o repertório dos educadores e incentiva o uso do brincar nas práticas educativas e vivências com a criança. A plataforma Eduque Brincando ainda está em testes, mas a ferramenta tem grande potencial, como explica a diretora pedagógica do projeto, Lia Mattos, “os educadores podem usar a ferramenta como organização da sua prática educativa. Assim ele consegue sistematizar o conteúdo dado em aula, em seguida ainda podem compartilhar a experiência com outros educadores. É um conhecimento que pode alcançar outros espaços além da escola, como a família e a comunidade.” O Eduque Brincando pode oferecer para a escola e para a família um histórico do que os educadores estão fazendo e como estão desenvolvendo seu trabalho. As crianças também participam da documentação e podem até contribuir para o desenvolvimento da aula.


A baiana, Ana Marcílio, que atua na RNPI (Rede Nacional Primeira Infância), Laís Dória, da Casa de Ensaio, e a doutora em pedagogia, Angela Costa, participaram do debate aberto sobre “A Importância da Atuação em Rede no Movimento pelo Brincar e Comunicação Pelo Direito de Brincar”. Em sua fala no debate, Ana defende o trabalho em coletividade e a importância da cooperação. Segundo ela, “a ideia é que o movimento pela infância vá ganhando cada vez mais terra, amplitude e capitalidade para alcançar diversas pessoas”. Atuando em rede, a RNPI conseguiu anular recentemente o ASQ 3 – uma metodologia avaliativa que, como explicou Ana, iria “contra o marco regulatório da primeira infância”.


Tecnologias e brincar em favor da educação

Com um celular na mão e várias ideias na cabeça, os educadores da rede pública e de instituições de educação formal e não-formal do MS participaram de oficinas de produção audiovisual com dispositivos móveis e edição para incorporar a equipe de produtores de conteúdo colaborativo sobre a infância que vai ficar disponível no portal www.memoriasdofuturo.com.br. O portal já conta com mais de 80 vídeos produzidos por crianças de comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas, e urbanas do estado. A partir de agora, os educadores também irão documentar seus projetos e espaços de trabalho construindo novos conteúdos e compartilhando metodologias e resultados de suas práticas.


A artista multimídia, Jamile Fortunato foi responsável pela oficina de produção audiovisual para internet. Durante sua oficina, os pesquisadores aprenderam sobre as características da linguagem, fotografia e possibilidades de criação. As  técnicas de audiovisual com celulares ficaram a cargo do cineasta e pesquisador da infância, Alexandre Basso, que também é diretor de TICs do projeto. Ele conta que a tecnologia  implementada no Memórias do Futuro traz como conceito a pesquisa com base na memória de cada educador. “Isso desperta uma ligação profunda com sua própria infância. Permitindo que eles usem esses meios para produzir conteúdos, além de pesquisar em sua família e em sua comunidade, eles ficam aptos a resignificar sua infância. De alguma forma, usar isso como elemento construtivo para suas práticas educativas”. Alexandre ressalta que o projeto vai além de um ensino técnico sobre audiovisual. “Uma coisa que eu acho importante no projeto não é a tecnologia em si, mas também a forma que ela se integra na memória, e na visão de mundo que o educador tem”, explica o pesquisador.


O projeto é realizado pelo Espaço Imaginário e o Pontão de Cultura Guaikuru com patrocínio da Fundação Telefônica|Vivo por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.


Serviço colaborativo: O portal Memórias do Futuro também está aberto a colaboradores que queiram compartilhar suas práticas com a infância em textos, fotos e vídeos. Estes conteúdos servem para compor uma rede de parceiros e promover iniciativas em favor da Infância de forma multidisciplinar. Saiba como publicar seus conteúdos em: www.memoriasdofuturo.com.br/tecnologiacriativa



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